Como funcionam as fachadas duplas ventiladas?

por Eduardo Souza

 

Fachadas ventiladas ou de pele dupla. Nomes quase auto-explicativos para sistemas de fachadas compostas por duas peles, geralmente de vidro, em que o ar flui através da cavidade intermediária. Esse espaço – que pode variar entre 20 cm a alguns metros – atua como isolamento contra temperaturas extremas, ventos e som, melhorando a eficiência térmica da edificação, tanto para temperaturas altas como baixas. Talvez um dos exemplos mais famosos de fachadas ventiladas seja o edifício 30 St Mary Axe “The Gherkin”, de Foster + Partners. O fluxo de ar pela cavidade pode se dar naturalmente, ou ser impulsionado mecanicamente. Entre essas peles podem ser incluídos dispositivos de sombreamento solar.

 

Cortesia de Renzo Piano Building Workshop

Embora o conceito de Fachadas Ventiladas não seja novo, há uma tendência crescente de arquitetos e engenheiros para usá-los, principalmente em arranha-céus, uma vez que permitem uma fachada transparente, ao mesmo tempo que propiciam conforto térmico e sonoro aos ambientes internos, diminuindo custos de ar-condicionado e dispensando o uso de vidros tão tecnológicos.

 

Cortesia de Renzo Piano Building Workshop

O funcionamento das fachadas ventiladas adapta-se aos meses mais frios e mais quentes por meio de estratégias distintas e é sua versatilidade o que torna a solução mais interessante. Através de pequenas modificações, como a abertura ou fechamento das aletas de entrada ou saída, ou o acionamento de circuladores de ar, o comportamento da fachada é alterado.

 

Para climas frios, a ideia é que o “colchão” de ar conforme uma barreira para as perdas de calor. O ar aquecido pelo sol, contido na cavidade, também pode aquecer os ambientes externos, reduzindo a demanda por sistemas de aquecimento.

 

Dias frios. Image © ArchDaily

Em climas quentes a cavidade pode ser ventilada para fora do edifício para mitigar o ganho solar e diminuir a carga de resfriamento. O excesso de calor é drenado através de um processo conhecido como efeito chaminé, em que as diferenças entre a densidade do ar criam um movimento de circulação, com o ar quente saindo. Isso significa essencialmente que, à medida que a temperatura do ar na cavidade aumenta, ele é empurrado para fora da cavidade, trazendo uma leve brisa aos ambientes, ao mesmo tempo que isolando contra os ganhos de calor.

 

Dias quentes. Image © ArchDaily
Dias quentes. Image © ArchDaily

Por isso, entende-se que as Fachadas de Pele Dupla são sistemas que dependem muito das condições externas (radiação solar, temperatura externa, etc), que influenciarão diretamente no conforto interno. Dessa forma, o projeto cuidadoso é imprescindível para cada caso, carecendo do conhecimento detalhado da orientação, contexto, condições locais de radiação e temperatura, ocupação do edifício, entre muitos outros. Destacamos, abaixo, algumas vantagens e desvantagens das fachadas ventiladas:

 

© Martin Van der Wal

Vantagens

  • Reduzir a demanda de resfriamento e aquecimento;
  • Permitir vistas livres e iluminação natural;
  • Melhorar o isolamento, seja térmico e acústico;
  • Permitir a ventilação natural, e a renovação do ar, tornando os ambientes mais saudáveis.
© Martin Van der Wal

 

Desvantagens

  • Custo inicial de construção muito mais alto;
  • Consumo de espaço;
  • Demanda manutenção;
  • Ela pode deixar de funcionar adequadamente se o contexto for alterado significativamente (sombreamento por outros edifícios, por exemplo).

 

 

Disponível em: www.archdaily.com.br/br/922852. Acesso em: 17/09/2019.