Arquitetura com blocos de concreto: como construir com este material modular e de baixo custo?

Escrito por José Tomás Franco | Traduzido por Eduardo Souza

O bloco de concreto é um material pré-fabricado utilizado, sobretudo, para a construção de paredes e muros. Como os tijolos comuns, os blocos funcionam em conjunto quando empilhados e quando unidos com argamassa. Para realizar esta união, os blocos têm um interior oco que permite a passagem de barras de aço e enchimento de argamassa.

Há uma grande variedade de dimensões e texturas, desde as superfícies lisas mais tradicionais até os acabamentos ondulados ou rugosos. Existem unidades especiais para cantos ou blocos próprios para receberem armaduras longitudinais. Suas dimensões variam entre o clássico 8x8x16 polegadas (aproximadamente 19x19x39 cm), para uso estrutural e outras versões mais finas para partições, com dimensões próximas a 8×3,5×39 polegadas (aproximadamente 19x9x39 cm). Mas como incorporá-los de forma criativa em nossos projetos?

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Embora os primeiros blocos – massificados no início de 1900 – fossem fabricados à mão, hoje em dia é um material produzido de forma automatizada, milhares de blocos por hora. No entanto, por não exigir queima, cada unidade pode ser fabricada no local por pedreiros não qualificados, proporcionando uma vantagem que pode ser efetiva em certos casos.

Casa Mipibu / Terra e Tuma Arquitetos Associados. Image © Nelson Kon

Em relação ao seu comportamento térmico, uma parede de bloco pode funcionar corretamente se as medidas adequadas forem tomadas. Por exemplo, é essencial garantir a colocação correta da argamassa em todas as juntas para evitar pontes térmicas. Além disso, pode-se incorporar isolantes – como o EPS ou a lã de vidro e o polietileno como barreira de vapor – no interior dos blocos, e adicionar uma camada isolante, como um reboco exterior.

Casa entre Bloques / Natura Futura Arquitectura. Image © JAG Studio

Em termos gerais, a sua fabricação consiste em 4 processos:

Mistura: após a pesagem, as quantidades apropriadas de areia, brita e cimento seco são incorporadas para serem mescladas automaticamente, adicionando água no final do processo.

Moldagem: em uma máquina especializada, a mistura é compactada em moldes que definem a forma e o tamanho de suas cavidades interiores e sua textura exterior. Este processo é geralmente auxiliado por vibrações mecânicas.

Cura: os blocos são inseridos em fornos a vapor (baixa ou alta pressão) para endurecer.

Empilhamento: os blocos secos são empilhados em cubos para serem armazenados.

Silent house / Takao Shiotsuka Atelier. Image © Takao Shiotsuka Atelier

“O concreto comumente usado para fazer este tipo de blocos é uma mistura de cimento portland com água, areia e brita, que produz um bloco cinza claro com uma textura de superfície fina e alta resistência à compressão”, afirmam os criadores do site How Products Are Made. Assim, os blocos têm uma boa capacidade mecânica, incombustibilidade e isolamento acústico.

Casa Mipibu / Terra e Tuma Arquitetos Associados. Image © Nelson Kon

O bloco básico foi alterado para fornecer soluções mais completas, como a impermeabilização. Alguns produtos atuais incluem aditivos adicionados à sua mistura, aumentando a tensão superficial do bloco e dificultando a passagem da água. Há também blocos com diferentes tipos de bordas, para repelir a água da sua superfície.

Casa Mipibu / Terra e Tuma Arquitetos Associados. Image © Nelson Kon

Construção básica

Antes de começar a construir ou projetar, você deve consultar os códigos e padrões de construção locais.

  1. Se usarmos uma sapata corrida em vez de um radier, ela deve ter o dobro da largura do bloco. As linhas de referência são colocadas com um fio ou riscadas a giz e uma prova de ajuste é realizada sem argamassa.
  2. A argamassa é misturada e espalhada na sapata – previamente umedecida – na largura de um bloco. A camada inicial deve ter 1 polegada (2,5 cm) de espessura.
  3. Os blocos são localizados a partir dos cantos, aplicando argamassa em suas juntas verticais.
© José Tomás Franco
  1. Ao final de cada fiada, verifique se os blocos estão alinhados, verticalmente e horizontalmente, e aperte-os para ajustá-los, se necessário. Repita o processo para todas as paredes projetadas.
  2. A união dos furos de cada unidade gera uma cavidade contínua na vertical, onde as armaduras metálicas podem ser inseridas.
  3. Ao verificar que a argamassa é suficientemente dura, as juntas devem ser terminadas e equilibradas, limpando o excesso.

 

Projeto arquitetônico

Apesar de ser um material amplamente utilizado no mundo, suas possibilidades projetuais têm sido pouco exploradas. Os blocos de concreto são constantemente associados à autoconstrução e a habitações de baixo custo, situações que oferecem poucos espaços para explorar além do funcional.

Casa + Estudio / Terra e Tuma Arquitetos Associados. Image © Pedro Kok

Através de um trabalho impecável, a obra de alguns arquitetos, como Terra e TumaNatura FuturaAgustín Lozada ou Takao Shiotsuka Atelier, nos encoraja a pensar em novas formas de usar esse material. Em sua obra, os blocos aparecem como protagonistas dos espaços, totalmente à vista e com a cor original, dando uma textura e aparência diferentes do tijolo; algo mais brutal, mas muito adaptável a outros materiais e elementos como vegetação e água. Ao usar este material, esses arquitetos conseguiram reduzir os custos de seus projetos, mas sem se afastar de uma alta qualidade espacial e arquitetônica.

Silent house / Takao Shiotsuka Atelier. Image © Takao Shiotsuka Atelier

Que outras opções de projeto parecem surgir? Suas dimensões padrão e sua natureza modular nos permitem projetar facilmente e como um “Lego”, gerando topografias que podem conformar mobiliários ou desníveis, e ao girar sua posição original, suas perfurações podem criar paredes permeáveis como elementos vazados. Ideias simples que podem oferecer boas soluções sem gerar uma despesa maior.

Casa entre Bloques / Natura Futura Arquitectura. Image © JAG Studio
Casas Catalinas / Agustín Lozada. Image © Gonzalo Viramonte

Se você já trabalhou com este material convidamos você a compartilhar sua experiência na seção de comentários abaixo.

 
 

Disponível em: www.archdaily.com.br/br/889674. Acesso em: 26/12/2019.